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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Apenas 4% das mulheres se consideram bonitas



Estudo revela que apenas 4% das mulheres se consideram bonitas


Para psicanalistas, estatística é reflexo de uma crítica interna selvagem
Em uma das maiores pesquisas feitas sobre a relação feminina com o próprio corpo e aparência, encomendada pela empresa de cosméticos Dove, é possível medir o quanto a ditadura da beleza afeta mulheres em todo o mundo. O resultado é alarmante: no universo de 6,4 mil entrevistadas em 20 países, só 4% delas se acham belas.


Mas a pesquisa indica um paradoxo: apesar de não conseguirem reconhecer sua própria beleza, 80% das mulheres enxergam a beleza nas outras, concordando que toda mulher tem algo que deve ser considerado belo.

— Há uma aparente falta de lógica no cerne do relacionamento da mulher com a beleza. Achamos importante ver a beleza nas outras, mas muitas vezes deixamos de valorizar a nossa própria beleza — conclui Susie Orbach, psicanalista inglesa, fundadora do Centro de Terapia da Mulher.

Susie é conhecida mundialmente por ter tido como paciente a princesa Diana. Ela prestou consultoria na condução da pesquisa, realizada em 2010 e divulgada no final de maio.
O estudo ainda mostra que a maioria das mulheres admite que sente pressão para ser bela (59%) e, para 32%, a maior pressão vem delas mesmas.

— Essas estatísticas são devastadoras, temos uma crítica interna selvagem cujos olhos se amesquinham quando nos olhamos — observa Susie.

Segundo a psicanalista, infelizmente isso pode repercutir de maneira mais abrangente, "minando a autoestima, confiança e felicidade feminina".

De acordo com a psicanalista Joana de Vilhena Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do LIPIS (PUC-Rio), para as mulheres, ser bela pode ser traduzido em uma competência para achar o cobiçado par amoroso, e em ter a aprovação do homem amado.

— A pesquisa aponta claramente que ser bem-sucedida, para a mulher contemporânea, está relacionado a ser vista como bela. Trata-se de uma contradição do olhar feminino para consigo mesma, uma vez que há o entendimento de que a beleza não se encerra na estética, mas ainda assim a mulher não se sente bela, não se vê como bela — ressalta Joana.

O estudo destacou os seguintes temas principais: a beleza deve ser fonte de confiança e não de ansiedade, havendo inclusive uma conexão entre beleza e felicidade; as mulheres são suas piores críticas no que diz respeito à própria beleza, e as mulheres não estão maximizando seu potencial de beleza.

A pesquisa mostra que a maioria das mulheres se furta de realizar seu pleno potencial no que diz respeito à beleza. Um dos principais obstáculos é a autocrítica feroz.

Joana Vilhena ressalta que um olhar menos rígido, mais generoso, mais confiante e, sobretudo, mais complacente, certamente redundará em uma relação mais prazerosa, serena e confiante consigo mesma.

— Nenhum homem é um algoz mais rigoroso do que as próprias mulheres, que, vale dizer, se arrumam para outras mulheres — afirma Joana.

A pesquisa A Verdade Sobre a Beleza já havia sido feita em 2004, onde se constatou que apenas 2% das mulheres se sentiam à vontade para se descrever como belas. No Brasil, o dado recebeu uma significativa melhora: foi de 6% para 14%.

A modernidade ainda não chegou ao psiquismo

A pesquisa demanda uma reflexão/ação sobre como lidar com a questão da beleza na contemporaneidade. Existir é ser olhado, ser visto e, sobretudo, em todas as mulheres pesquisadas, ser amada. Se a psicanálise nos diz que o espelho nos devolve uma imagem muito além da aparência, a pesquisa parece confirmar que, apesar do reconhecimento de que a beleza é muito mais do que a aparência externa, apenas 4% das mulheres consideram-se satisfeitas com seus atributos. O que isto pode nos indicar?

Embora a sociedade tenha ampliado seu conceito de beleza e que o mesmo não esteja restrito à estética, a grande maioria das mulheres demonstra insatisfação quanto à sua imagem. A psicanálise considera essa percepção um conflito do universo feminino contemporâneo, uma vez que, mesmo tendo lutado durante décadas por sua emancipação, a mulher de hoje ainda tem como um de seus principais valores a busca por um par. É importante que ela seja vista como um par amoroso e por isso "a beleza como o outro vê" dita regras em tempos modernos.

Demandada a desempenhar com excelência seu papel no trabalho, na família e na organização doméstica, estas mulheres parecem nos dizer que a modernidade não chega com a mesma velocidade ao psiquismo. Além de tais tarefas, a conhecida tripla jornada de trabalho da contemporaneidade, soma-se agora a uma nova agenda: a da beleza e da manutenção da aparência de juventude.

Joana Vil
hena, psicanalista.

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